domingo, 3 de setembro de 2017

Cabala

Cabala

Provavelmete  mais do que qualquer outra filosofia mística, a Cabala exerceu uma profunda influência sobre o ocultismo.  Como a maioria das formas de misticismo, descreve os níveis de consciência e seres entre o Homem e a Divindade, mas não foi por essa razão que se tornou a base da magia moderna. A Cabala emprega um complexo símbolo denominado A Árvore da Vida (Otz Chaim) como motivo central, e em virtude dessa Árvore ser uma estrutura na qual se baseiam os rituais e a meditação é que a Cabala tornou-se relevante hoje em dia.
Na tradição Cabalista - e a palavra QLBH significa uma tradição oral ou secreta - o conjunto do Universo manifesto teria se originado no Ain Soph, o Deus-Energia, oculto e infinito, que não possui qualidades ou atributos. Os cabalistas acreditavam que no momento em que se tentasse atribuir qualidades  a Ain Soph, seria perdido o sentido de infinidade e ilimitação.
Na verdade a Árvore da Vida descreve um tipo de processo de cristalização pelo qual o Infinito se torna Finito.  E este último é o Universo tal como o conhecemos. Para o Cabalista, no entanto, existem estágios intermediários de ser ou mente, ou energia, ou consciência - chame como desejar. O Ain Soph dessa maneia revela aspectos da sua divindade ao homem representados simbolicamente na  Árvore por dez estágios principais denominados Sefiroth. No emprego da magia moderna, na qual esta se torna semelhante à Ioga, os sefiroth são melhor encarados como níveis de consciência. O mago inicia no seu nível atual de "consciência terrena"  e tenta retraçar os passos sagrados até a Divindade. Os dez níveis  - cada um deles uma sefira - são assim denominados.


KETHER   a Coroa - ou ápice da Criação
HOCKMAH  Sabedoria (o Pai)
BINAH Compreensão (a Mãe)
HESED Compaixão
GEBURAH Severidade ou Força
TIPHARET Beleza e Harmonia
NETZACH Vitória
HOD Esplendor
YESOD  a Fundação
MALKUTH o Reino ou a Terra (a Filha)

Uma distinção que de imediato se torna aparente é que algumas sefiroth possuem atributos "pessoais"; o Pai, a Mãe, o Filho, a Filha. Enquanto outras sefiroth mencionam apenas atributos abstratos como a Compaixão. De fato, uma análise mais profunda, particularmente da forma com a Árvore foi incorporada à magia , demonstra que não é bem assim. O mago toma tento dos diferentes deuses e deusas das diversas religiões do mundo, e empenha-se na comparação e correlação deles em termos de atributos, qualidades sagradas e aspirações que personificam. Considera que os deuses são símbolos do que ele próprio poderá se tornar, e encara suas mitologias como um tipo de processo de energia simbolicamente mergulhado nos recessos da mente. Era precisamente isso que Jung implicava em sua teoria sobre os Arquétipos do Inconsciente Coletivo; para o mago entretanto , isto é uma, realidade pragmática. Ele sabe que os deuses são inerentes à sua mente e idealiza rituais e meditações como auxiliares para encontrá-los.
Voltando a Árvore, torna-se aparente que cada nível de consciência das sefiroth desempenha um importante papel harmonizador.
A Coroa, Kether, reside no topo da Árvore. É um nível que transcende a dualidade e, neste sentido, assemelha-se ao Nirvana budista, de infinita bem-aventurança. Os níveis seguintes, Hokmah e Binah  possuem atribuições sexuais, sendo o Grande Pai  e a Grande Mãe , respectivamente.  Juntos a Kether formam a Trindade Cabalística. Hokmah é a força criativa dinâmica, enquanto Binah é o útero da criação  o qual tudo nasce. Como tal, é mãe de todos nós.
É interessante notar que os Cabalistas encaravam seu ensinamento de mistério como, em parte, um comentário ao Gênises, e os demais sete níveis na Árvore como os Sete Dias da Criação. Este sete também possuem uma contrapartida mitologica e, de fato, para todos os propósitos, os Sete Dias representam a totalidade do Universo místico. A razão para isto é que o Homem foi separado da Divindade pela Queda, e o fosso entre a Trindade e o resto da Árvore é descrito com o Abismo. Os magos afirmam que é possível cruzar o Abismo, mas nesse nível de existência toda a noção de ego e individualidade desaparece. O finito se transforma em infinito.
Na mitologia, os níveis representados por Hesed e Geburah referem-se ao Pai do mundo, tal qual o conhecemos. Por vezes, como Zeus, é dito que ele reside numa montanha que alcança o céu infinito, e seria apropriado que se localizasse o lar de Zeus no cimo do monte Olimpo. Hesed representa o Deus-Pai em sua forma misericordiosa; Geburah representa-o na batalha. Os gregos chamavam a esta forma Áries, e os romanos por Marte. De acordo com a Cabala,  o universo é o resultado de um conflito dinâmico entre Vida e Morte, de construção e destruição. Hesed mantem a ordem e a paz no cosmo.  Geburah destroi as coisas uma vez que sua utilidade tenha sido ultrapassada.
Abaixo deles surge Tiphareth, que reside no centro da Árvore. Como se percebe por sua localização, esta a meio caminho entre o Homem e a Divindade e , dessa forma representa o Deus-Homem, ou o Messias. O objetivo de todas filosofias espirituais é permitir que o homem se torne filho dos deuses e, assim, Tipharet é o filho. Em diferentes religiões e mitologias encontramos que Osiris, Apolo, Dionísio e Cristo possuem uma semelhança notável no papel desempenhado como símbolo da nova vida. Usualmente também são deuses-sol, uma vez que o sol sempre renasce de sua "morte" noturna com o amanhecer.
O principal objetivo da Ordem hermética da Aurora de Ouro era preparar seus praticantes para a experiência mística de Tipharet, e seus rituais incorporavam símbolos tanto cristãos quanto egípcios.
Baixando mais um nível na Árvore, chegamos a Netzach, que representa o amor, a arte e as emoções. No lado oposto existe Hod, que a contrabalança com o intelecto racional e a razão. Vem então Yesod que, em certo sentido representa as áreas mais profundas da mente, se percebermos que a Árvore também é um diagrama simbólico da potencialidade mental do Homem. Em Yesod, que se equaciona em psicologia com o inconsciente mais primitivo, encontramos os impulsos sexuais básicos. O Cabalista se refere a esta sefira como Nephesch, ou alma animal, mitologicamente representado pela Lua. Tal como a Lua reflete o Sol (a verdadeira iluminação), os adoradores da Lua tendem a estimular os instintos animais, mais do que os espirituais. A feitiçaria em particular, com seus Sabat lunares, incorporava a adoração do Bode (a Besta) e as feiticeira dirigiam-se ao sabat montadas em cabos de vassoura (um  símbolo do falus). A feitiçaria foi e continua sendo uma religião sexual.
A última sefira é Malkut, que representa nossa consciência presente. O objetivo é encontrar nosso caminho de retorno nas áreas ocultas da mente, que de fato são fonte de toda inspiração e conhecimento.
Com imparcialidade frente aos Cabalistas clássicos, tem-se de admitir que o resumo acima representa um enfoque ocultista e moderno na Cabala, mais do que uma visão histórica . o judaísmo, é claro, é monoteísta e, portanto, não seria apropriado falar em "deuses", apenas em  " um Deus". Provavelmente, no entanto, a distinção entre politeísmo e monoteísmo seja exagerada academicamente quando,  na verdade, tende a ser uma divisão simbólica. Wallis Budge mencionou que, mesmo no Antigo Egito, afirmava-se que todos os deuses provinham de um , - Ra - conquanto com finalidade prática os deuses fossem apresentados como seres individuais.
Magos e Ocultistas empregam a Árvore da Vida  como uma estrutura na qual apoiam os símbolos de todas as religiões, sejam Ocidentais ou Orientais.
Dessa forma ampliaram os limites originais judaicos. Recentemente (desde a época de Eliphas Lévi, há um século) também foram feitas ligações entre o Tarô e os dez níveis da Árvore. Cada sefira é um nível de consciência e como tal, as cartas do Tarô funcionariam como "trilhas" ou "portas" que levariam às sefiroth. A Cabala tornou-se, dessa maneira, uma cosmologia profunda "modernizada". Seu emprego permite que o homem harmonize seus processos mentais e, eventualmente, venha a redescobrir a iluminação espiritual que está dentro de si.









Fonte:Portais do Ocultismo - Nevill Drury - Gregory Tillett - ed. Aweti
Livros de consulta
Traduções Clássicas da Cabala
H.Sperling e M.Simon: The Zoar, Soncino Press, London, 1970.
Esta é a mais completa tradução acessível do Zoahr medieval, o primeiro dos tratados Cabalistas surgido da tradição oral. Acredita-se que seja fruto do trabalho de Moses de Leon , e que date de por volta de 1280 d.C. , embora as origens da própria Cabala sejam de alguns séculos a.C.
MacGregor Mathers: The Kabbalah Unveiled, Redway , London, 1888; reimpresso em diversas ediçoes por Routledge & Kegan Paul, London.     

Frases de Sabedoria



" Toda a intenção que não se manifesta por atos é uma intenção vã, e a palavra que a exprime é uma palavra ociosa."


"O equilíbrio é o resultado de duas forças; se ambas forem sempre iguais, o equilíbrio será a imobilidade. O movimento é o resultado de uma preponderância alternada."


"Os animais são símbolos vivos dos instintos e das paixões dos homens, se tornares um homem tímido, tê-lo-ás mudado em uma lebre; se, pelo contrário, impeli-lo à ferocidade, farás dele um tigre."


"A força manipula a matéria e o pensamento dirige a força."

"Saber é poder, quando se ousa querer."

"O homem que chegou  a nada desejar e a nada temer é o Senhor de tudo."


"No círculo da sua ação,  todo verbo cria o que afirma."

"É a ação que prova a vida, e é também a ação que prova e demonstra a vontade."


"Querer sem temer e sem desejar é o segredo da vontade onipotente."


"Todo pensamento verdadeiro corresponde a uma graça divina no céu e a uma obra útil na terra."


" A unidade absoluta é a razão suprema e última das coisas."


"Cada um de nós é atraído para um círculo de relações, que tem seu mundo e do qual sofre sua influência."


"As pessoas debatem-se violentamente para satisfazer seus desejos, sem nunca perceber que o esforço é o problema, não a solução."


"O homem pode realizar o que acredita na medida do que sabe e em razão do que ignora, e faz tudo o que quer na medida do que crê e em razão do que sabe."


"Nada a fazer é tão funesto como fazer o mal; o mais imperdoável dos pecados é a inércia."


"O progresso existe de um modo geral para todo o sistema, porém cada ser humano é absolutamente livre no círculo da sua fatalidade."


"Para ter direito de possuir sempre, é preciso querer pacientemente e por um longo tempo."


"Nada é indiferente na natureza. Um pedregulho a mais ou a menos numa estrada pode comprometer ou alterar profundamente o destino dos grandes homens."


"A vida é uma batalha que se cumpre submeter-se a provas para ascender em grau."


"A força não é concedida é preciso conquistá-la."


"Sempre que a palavra é respaldada pela intenção, ela penetra o campo da consciência como uma mensagem ou um pedido. O universo está sendo avisado de que você tem um certo desejo."


"O homem é o único criador e o único juiz de seu destino, ele é livre para agir à sua vontade nos círculos de sua fatalidade. Deus não pode ser tornado cúmplice das faltas humanas."


"A imaginação aplicada à razão, é o gênio."


"Cada vez que você toma uma decisão, você cria uma nova linha de eventos que se estende a partir desse momento; até você tomar essa decisão, esse fio de tempo não existe."


"Se nada tivésseis de comum com os vícios dos homens, nem mesmo o notaríeis."


"Deus só pode ser definido pela fé, a ciência não pode negar nem afirmar que Ele exista."


"Não há religiões sem mistérios, nem mistérios sem símbolos."

Fonte: Magia Teurgica - A Arte de Manifestar o Espiritual - F. Mondini ed. Madras. 
  

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